CORONAVÍRUS: No dia a dia em casa com os filhos
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Confira o que diz a psicanalista Claudia Mascarenhas sobre a época do isolamento |
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Publicada em 22/04/2020 |
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A primeira ideia que não se pode perder é: se tudo é novo para você adulto, para a criança também será. Isso certamente nos exige paciência. Não há formulações prontas, vamos precisar usar da analogia com aspectos já vivenciados por todos e muita criatividade.
Se tudo é inusitado, novo, como você, adulto, quer seguir com as mesmas rotinas?
Tudo está diferente, portanto, concentre-se em estruturar uma rotina que tenha pontos fixos e inegociáveis e outros pontos, novos, circunstanciais e, portanto, negociáveis. Esses pontos negociáveis podem, inclusive, ser estabelecidos junto com as próprias crianças. A cada semana, esses aspectos flexíveis podem ser revistos por todos para saber se estão funcionando bem para todos.
As regras de distanciamento, higiene e convivência diária precisam ser claras e muito bem compreendidas pelas crianças. Apenas se compreendidas poderão ser internalizadas, inclusive, com a corresponsabilidade delas. Os aspectos desses novos hábitos não precisam ser “chatos”. Podem ser, inclusive, divertidos, por exemplo, com músicas para a realização das tarefas de higiene.
Não subestime a capacidade das crianças em ajudar nas tarefas, elas vão se sentir incluídas. O senso de responsabilidade deverá ser compatível com a idade de cada criança. Observe para ver se sua criança está ok. Lembre a ela que você dá o suporte e que ela pode falar com você sempre que quiser. E, então, procure uma coisa divertida para fazerem juntos!
Não esqueçam que as crianças estão atentas a tudo e, muitas vezes, podem estar preocupadas com os adultos. Por isso, caso estejam provocando em vocês, adultos, impaciências ou desobediências exageradas, chorando por tudo, mudando negativamente hábitos alimentares ou estão perdendo o sono, conversem mais com elas, procurem deixá-las mais seguras.
As crianças também podem apresentar as seguintes reações: algumas podem regredir a comportamentos anteriores (por exemplo, urinar na cama ou chupar o dedo), podem se agarrar aos cuidadores, brincar menos ou repetirem as mesmas brincadeiras relacionadas ao evento perturbador.
As crianças em idade escolar podem acreditar que foram responsáveis pelo acontecimento de coisas ruins, desenvolver novos medos, podem se tornar menos afetuosas, se sentir solitárias e preocupadas em proteger e resgatar pessoas durante uma crise.
Em geral, as crianças lidam melhor com essas situações quando têm um adulto equilibrado e calmo por perto.
*Claudia Mascarenhas – Psicanalista
Diretora clínica do Instituto Viva Infância
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Referências bibliográficas: Primeiros cuidados psicológicos: Guia para trabalhadores de campo. Brasília, DF: OPAS, 2015.
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