Estamos todos preocupados com o distanciamento das crianças das escolas. Precisamos perceber que a aprendizagem é um processo contínuo, que se desenvolve em qualquer tempo e local. Nessa pandemia, todos estão percebendo que precisam cada vez mais um dos outros: crianças e adolescentes, pais, escolas e professores.

Principalmente no ensino básico, quanto mais precoce a idade da criança, maior a importância da interação social com a mediação dos professores, através da qual se aprende com as diferenças, a exposição de ideias e seus questionamentos, a resiliência para um “viver saudável”.

Para as crianças, essa é uma interrupção na vida infantil. Estão distanciadas de alguns familiares e dos coleguinhas, mas compensadas com os pais convivendo mutuamente com elas, apesar do estresse do momento. Muita relação se fez presente, de uma certa maneira.

Para os pais, uma vida diferente e insegura, cuja percepção atesta que não são professores experts nos conteúdos, mas, ao mesmo tempo, questionam se essas atividades on-line ou aquisição de materiais expressos serão suficientes para o aprendizado de seu filho, enquanto continuam a realizar a mensalidade escolar normalmente.

Para os professores, uma dificuldade por em prática, em tempo record os conteúdos das disciplinas através do EAD, quando parte deles não tem intimidade com esse sistema e muitos alunos não têm acesso aos mesmos. Para todos, um desafio. Os pais perceberam o valor real da escola e dos professores na formação de seus filhos e as escolas acreditaram o quanto é positivo ter os pais ao seu lado.

Em 2021, a escola tem grande chance de oferecer uma educação híbrida, com uma parte presencial e as estratégias de ensino remoto complementando a aprendizagem. A educação a distância, diferente do que está acontecendo agora na maioria das escolas, deve ser um complemento, sendo permitida por lei de 20 a 40% desta modalidade de aprendizado.

Portanto, aos pais com crianças no ensino básico, espero que esse convívio com as escolas retorne ainda esse ano, que esse vínculo se refaça, e que todos entendam juntos essas mudanças e suas consequências, passando a considerar qual a melhor maneira de seu filho aprender com a vida.

helita Azevedo - pediatra.