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Presidente da Sobape alerta para importância da vacinação
Publicada em 11/07/2018


 

Diante dos casos de sarampo confirmados nesta segunda-feira (9) pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, a presidente da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), Dolores Fernandez, faz um alerta para que pais e responsáveis estejam atentos à caderneta de vacinação das crianças.

A pediatra defende o cumprimento do esquema de vacinação básico, reforçando a prevenção de doenças como o sarampo, que já havia sido erradicado no Brasil. “O sarampo é uma doença contagiosa e transmitida por secreções por meio da fala, tosse ou espirro. Os principais sintomas são febre alta, dor de garganta, coriza e irritação nos olhos”, orienta, destacando que o sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil.

Dolores Fernandez chama a atenção para dados citados em artigo da infectologista pediátrica pela USP Anne Layze Galastri, uma das coordenadoras da Pediatria do Hospital Municipal de Salvador, e recomenda a leitura do texto. “Com muita propriedade, dra. Anne destaca a importância da imunização e comenta que há anos notamos uma queda progressiva nas taxas de vacinação, principalmente nos menores de 1 ano”, comenta Dolores.

“É preciso lembrar também, como diz o artigo, que taxas eficazes de imunização são acima de 95% da população, mas o Ministério da Saúde registrou em 2017 taxas abaixo de 85%. Por isso, é importante garantir a ampliação dessa cobertura que previne o sarampo e outras doenças como rubéola, coqueluche, difteria, varicela (catapora) e meningite”, completa.

Dolores Fernandez comenta ainda que as ocorrências na Venezuela estão propiciando o surgimento dos casos em outros estados do Brasil, como Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul, além de haver outras áreas em investigação.

Segue o artigo na íntegra:

“Vacinação e qualidade de vida” *

A busca pela alimentação balanceada, rotina de sono e exercícios físicos são alguns dos modos de buscar qualidade de vida. Estas medidas buscam eliminar doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e aumentar a expectativa de vida.

Segundo o Dicionário Aurélio “IMUNIZAR é o ato de tornar-se livre ou isento”. A vacinação ou imunização é o mecanismo de desencadear no sistema imune uma proteção por meio de um composto bioquímico derivado do agente causador da doença infecciosa.

Nosso Brasil é um líder mundial na imunização, através do Programa Nacional de Imunização (PNI), somos exemplo para muitas outras nações. Fomos pioneiros na campanha de vacinação em massa contra a Poliomielite com o famoso “Zé Gotinha”. Com isto, conseguimos proteger milhares de pessoas de desenvolverem paralisias motoras e evitar que ficassem com sequelas o resto de suas vidas.

No entanto, algumas décadas após a instituição do PNI, nos deparamos com uma situação de risco iminente de epidemias de doenças que estavam erradicadas, como o Sarampo. Mas será que o vírus do Sarampo mudou? Ou o risco de retorno da Poliomielite para a América do Sul é uma especulação sem embasamento científico?

Há anos notamos uma queda progressiva nas taxas de vacinação, principalmente nos menores de 1 ano. Sabe-se que taxas eficazes de imunização são acima de 95% da população. Isto quer dizer que a chance de terem casos de determinada doença é muito baixa quando, pelo menos, 95 pessoas em um grupo de 100 estão com a vacinação em dia.

Dados do Ministério da Saúde deste ano indicam taxas de vacinação bem abaixo desta meta, girando entre 70,7% e 83,9%. As vacinas que estão sendo deixadas de serem aplicadas englobam as que previnem de Sarampo, Rubéola, Coqueluche, Difteria, Varicela (catapora) e Meningite.

No caso do Sarampo, por exemplo, em 2015 o Brasil possuía índices de cobertura vacinal adequada. Em 2017, no entanto, foi bem abaixo (83,4%), segundo dados ministeriais. Este fato, associado a casos provenientes da Venezuela, propiciaram inúmeros casos em nosso território. Até o momento, há confirmação nos estados de Amazonas, Roraima, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e tantos outros em investigação. Do mesmo modo que ocorre com o Sarampo, outras doenças podem retornar, como Difteria e Poliomielite. A Poliomielite tem taxas vacinais próximas a 80%, promovendo um risco de circulação viral e retorno de casos de doença.

Mas o retorno destas patologias não se deve a uma mutação dos microorganismos ou a uma vacina que não esteja funcionando, mas somente a não aderência de vacinação nas crianças. Taxas em adultos e adolescentes sempre foram abaixo do esperado. Mas, o que preocupa neste momento são taxas abaixo também nos pequenos. Isto porque grande parte da proteção proveniente de imunização dá-se no primeiro ano de vida. Se não retomarmos níveis adequados, doenças infectocontagiosas hoje raras retornarão.

Sabemos que há algumas vezes dificuldade na adesão às vacinas devido a inúmeros fatores, mas crescem a cada dia os movimentos contrários à imunização. Todas as vacinas que estão liberadas para uso no Brasil passaram por inúmeros testes laboratoriais e em grupos de pessoas até que fossem liberadas para a população. São realizadas pesquisas contínuas quanto a efeitos adversos e proteção das mesmas. Por exemplo, todos os estudos realizados não mostraram qualquer relação com imunização e desenvolvimento de autismo.

Ressalta-se que nenhuma vacina está livre totalmente de provocar eventos adversos, porém os riscos de complicações graves causadas pelas vacinas são muito menores que os das doenças contra as quais elas protegem. Estes são, na grande maioria das vezes, autolimitados e leves, como mialgia, dor no local da aplicação, febre baixa, irritabilidade.

Vale ainda pontuar que a grande parte das doenças contempladas com a vacinação não possui tratamento eficaz ou as complicações associadas podem ser muito graves ou com evolução rápida, com alta taxa de mortalidade e sequelas por toda a vida.

Portanto, não há dúvidas quanto aos benefícios associados à imunização. Não podemos tolerar nossa população com medo de fantasmas do passado, como o que ocorre atualmente com o Sarampo.

O Ministério da Saúde já intensificou campanhas e vacinação de bloqueio para controle. Medidas estão sendo tomadas, precisa-se agora da adesão populacional. Tanto em medidas de saúde pública, quanto individualizado, sem dúvida a vacinação promove qualidade de vida. É uma das grandes medidas na prevenção de doenças e deve andar lado a lado de uma alimentação saudável e da prática de exercícios físicos.

*Anne Layze Galastri
Cremeb 31.932
Serviço de pediatria do Hospital Municipal de Salvador
Infectologista Pediátrica pela USP
Especialista em Vacinas e Medicina de Viagem (USP)

 
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